Quem nunca viu por aí na casa de alguém ou mesmo já adquiriu o óleo de avestruz da Amazon Struthio? Esse óleo, que tem liberação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser utilizado como alimento, comporta em si uma gama importante de vitaminas, como A, B1, B5, B9 e D3 e também ômegas 3,6,7 e 9. Desde 2012, quando foi conseguida a liberação do Ministério da Agricultura e da Anvisa, o consumo do óleo tem crescido em todas as regiões do Brasil.
Em Rondônia, o óleo é usado em escolas, em APAES (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e por muitas pessoas que tem problemas de saúde que afetam o sistema imunológico e recebem a doação da indústria para o consumo.
Ao longo desse tempo, de forma empírica, o biólogo José Francisco, criador da indústria Amazon Struthio e pioneiro na extração do óleo de avestruz, observou que várias pessoas que portavam câncer e outras doenças que afetam o sistema imune, ao utilizar o óleo de avestruz na alimentação, notou que essas pessoas obtiveram uma melhora muito significativa, relatou Jose Francisco “após perder um sobrinho com câncer sempre lutei em descobrir alimentos que possa ajudar na imunidade”.
Cientistas consultados nesse período disseram que só os ômegas contidos no óleo de avestruz não eram suficientes para realizar tal feito, deveria haver algo mais.
A descoberta
E para saber e buscar entender o que era “esse algo mais”, foi que a nutricionista especialista em nutrição esportiva, docência e metodologia do ensino superior, pós-graduanda em saúde coletiva, nutrição comportamental e doutoranda em Ciências Biomédicas, Luana Cardozo, em parceria com diversas universidades, realizou uma pesquisa que culminou em uma descoberta sensacional. Depois de muitos testes e análises laboratoriais, constatou-se que o óleo de avestruz comporta em si uma substância poderosa de nome Alquilglicerois. Essa substância só havia, até então, sido encontrada na medula óssea vermelha de alguns mamíferos, no leite materno humano e em algumas espécies de tubarões como os: Somnious microcephalus (greenland shark), seguido pelas espécies Chimaera monstrosa (small shark) e Squalus acanthias (dog fish) (PUGLIESE et al, 1998).
Devido à importância da descoberta, a pesquisadora Luana Cardozo apresentou e publicou sua pesquisa no CONBRAN (Congresso Brasileiro de Nutrição) sendo o maior da América Latina e irá apresentar em Buenos Aires no XXI Congresso Argentino de Nutrição promovido pela Sociedade Argentina de Nutrição, sendo este o maior do país.
A substância
Alquilglicerois são moléculas de gorduras constituídas por uma cadeia hidrocarbônica, saturada ou insaturada, unida por ligação do tipo éter a uma das hidroxilas do glicerol e possuem inúmeros benefícios à saúde humana. A maioria dos benefícios está ligada ao fortalecimento do sistema imunológico.
Na Europa, os Alquilglicerois têm sido usados desde a década de 30, quando extratos
lipídicos de medula óssea foram utilizados para tratar granulocitopenia (diminuição dos leucócitos granulares no sangue, em nível abaixo da normalidade) (MARBERG & WILES,1938).
Outras pesquisas corroboram com a atuação de Alquilglicerois no sistema imune, como em mulheres portadoras de câncer de colo de útero submetidas ao tratamento radioterápico e suplementadas com Alquilglicerois, em sua maioria, apresentou significativa redução da leucopenia e da trombocitopenia, efeitos normalmente provocados pela radioterapia. (BROHULT,1962; BROHULT et al, 1970; BROHULT et al,1977; BROHULT et al, 1978; BROHULT et al, 1979; BROHULT et al, 1986; KROTKIEWSKI et al, 2003).
Idosos suplementados com Alquilglicerois no pré e no pós operatório foi observado aumento do número de células brancas totais no sangue, na concentração de IgG e no número de linfócitos, melhorando significativamente o pós-operatório dos indivíduos estudados (PALMIERI et al,2014).
Foi observado o aumento significativo de linfócitos T CD8+ nos tumores de animais suplementados com óleo de fígado de tubarão –– que possui a mesma substância em que o óleo de avestruz –– em relação aos animais não suplementados, bem como redução do volume do tumor (HAJIMORADI et al, 2009).
A concentração aumentada de Alquilglicerois no leite induziu ao aumento de granulócitos no sangue periférico e de imunoglobulinas (IgG e IgM) no plasma dos filhotes amamentados, o que sugere que os Alquilglicerois exercem função importante no desenvolvimento da resposta imunitária (OH & JADHAV, 1994).
Aumento da resposta de neutrófilos na presença de bactérias, e aumento de citocinas do tipo Th1 no sangue (LEWKOWICZ et al, 2005).
Alquilglicerois demonstrou atividade imunoestimulatória em ratos submetidos a exercício físico moderado (VITORINO et al, 2009), atividade aumentada de linfócitos de diferentes órgãos linfóides obtidos de animais portadores de tumor, acompanhada da redução do tamanho dos tumores de Walker 256 (IAGHER, 2008; IAGHER et al., 2011; IAGHER et al, 2013), e elevação da atividade de macrófagos de animais portadores de tumor de Walker 256 (BELO et al, 2010), entre outros efeitos.
Confere estimulação da resposta imunológica e imunomodulação, atividade antifúngica, e em culturas de células demonstrou efeitos citotóxicos sobre células tumorais e redução de metástases (BROHULT et al., 1986; NOWICKI; BARANSKA-RIBAK, 2007; MELLO, 2007).
Os Alquilglicerois apresentam capacidade de evitar a diminuição de glóbulos brancos e plaquetas no sangue e de aumentar a taxa de sobrevida em ratos com carcinoma uterino, reduzindo a frequência de lesões causadas por doenças malignas.
Resistência
“O avestruz é de origem africana e vive no Brasil há anos, suportou muitas mudanças desde a pré-história e sobreviveu. Quantas espécies não sobreviveram, mas avestruz está aí impoluta”, pontuou Luana. A pesquisadora acredita que “assim como foi encontrada esta substância, outras virão”, pois ela faz parte de um grupo de cientistas que continuam a desvendar os compostos que tem no óleo de avestruz a fim de entender e justificar tantos relatos de benefícios que a população vem apresentando de forma empírica: mães de crianças autistas, pessoas que sofrem com doenças psicossomáticas, imunidade baixa, diabéticos, isso justifica a minha luta de pesquisa, “relatou Luana Cardozo”.
Para a pesquisadora, “o óleo de avestruz é uma forma de fortalecer nosso corpo, pois é alimento, podendo ser inserido na alimentação normalmente como uma espécie de azeite, ou em cápsulas usadas no dia a dia com liberação da Anvisa e do Ministério da Agricultura”, finalizou.
A saga
Após perder um sobrinho muito amado para o câncer, o descobrir do óleo de avestruz, o biólogo José Francisco Cardozo, se empenhou ainda mais na luta para conseguir o registro junto aos órgãos oficiais e, ao longo de oito anos, também foi fazendo experiências empíricas com pessoas portadoras de doenças que afetam o sistema imunológico obtendo resultados positivos.
“A cada ano que passa, tenho mais certeza de que essa nossa descoberta e a extração para o uso alimentar do óleo de avestruz é um presente de Deus a mim e às pessoas que hoje fazem uso. Tudo que quero é ajudar o próximo e é o que temos conseguido fazer. E essa nova descoberta só nos leva a crer que estamos no caminho certo”, disse.
Óleo de avestruz em pacientes com Covid
No ano passado, diante do cenário da pandemia de Covid-19, o óleo de avestruz foi utilizado como suplemento alimentar no tratamento de pacientes internados no Hospital Santa Marcelina.
O biólogo e farmacêutico Roberto Ataíde, que foi quem acompanhou o experimento, relata que “foi observada uma melhora significativa no quadro geral de saúde dos pacientes. As principais observações feitas pela equipe clínica foram relacionadas ao restabelecimento do apetite normal do paciente, melhora na disposição e ânimo, era nítido a melhora e recuperação dos pacientes. Em uma análise geral foi observado que o tempo de internação dos pacientes que utilizaram os ômegas (óleo de avestruz em cápsulas) era reduzido em até 35%. A análise clínica preliminar observou um forte potencial anti-inflamatório e melhora na resposta às infecções secundárias da Covid-19, além de restabelecimento e equilíbrio das células de defesa do sistema imune dos pacientes, isso era percebido e observado nos exames laboratoriais. Após essa observação não temos dúvidas dos benefícios que os ômegas agregaram para o restabelecimento da saúde dos pacientes quando utilizado de forma integrativa ao tratamento clínico”, disse.
Afora o uso do óleo de avestruz, o Roberto diz também que deram aos pacientes “a banha de avestruz junto ao tratamento de feridas em pessoas diabéticas. Essa descoberta do alquilglicerol e vitamina D3 vêm confirmar o que já sabemos, ou seja, a grande importância deste alimento para saúde preventiva das pessoas”, concluiu.
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