auto peças
auto peças
Companheiro Mat Construcao
Companheiro Mat Construcao
Voltar Publicada em 16/08/2013 | PORTO VELHO

Presos do regime fechado estreiam espetáculo ‘O Topo do Mundo’, em Porto Velho


Após mais de um ano de trabalho terapêutico, corporal e psicológico, onde presos do regime fechado do sistema penitenciário de Porto Velho trabalharam de forma intensa o descobrimento de suas personalidades e a desconstrução do próprio ego, através do eneagrama – instrumento de autoconhecimento da personalidade – , estreia neste final de semana o espetáculo ‘O Topo do Mundo’, que conta a trajetória de homens até o envolvimento com o crime e o que o levou a esta prática. O drama, de acordo com Marcelo Felici, diretor da montagem, traz um conteúdo profundo de uma prisão interna de cada um.

 

 

Os atores

São 12 atores em cena, detentos que viram no projeto de ressocialização uma possibilidade de reduzir a pena, em sua maioria, outros tinham o interesse de viajar para várias partes do país, explica Felici, a exemplo do espetáculo Bizarros, que durante 15 anos foi encenado por mais de 500 detentos e percorreu o Brasil inteiro realizando apresentações.

Foi para remissão da pena que Arnan Bruno Santos se candidatou para fazer parte do grupo. “Mas depois foi mudando, fui gostando do projeto, fui gostando do teatro e hoje estou aqui porque eu gosto”, afirma o interno do presídio Urso Branco, que antes do projeto nunca tinha tido contato com o teatro e, agora, pretende seguir atuando mesmo após a finalização do projeto.

Foi de olho no mesmo benefício que Andrey Tineli, preso por tráfico de drogas, se candidatou para fazer parte do ‘O Topo do Mundo’. Segundo ele, a possibilidade de aprendizado de algo novo também chamou atenção. Se descobrir ator, para ele, foi algo um tanto quanto difícil, mas as terapias auxiliaram neste processo. Andrey conta que percebeu uma realidade desconhecida. “Ao longo dos trabalhos, foi mudando muita coisa, o meu o modo de pensar, e a gente foi adquirindo um pouco de consciência dos nossos próprios atos”, avalia Tineli

Foi através deste trabalho que Arnan Bruno e Andrey tiveram o primeiro contato com o teatro e revelam que, dentro do sistema, o preconceito com quem decide fazer parte do trabalho é grande. “Na verdade, para nós que somos reclusos, a arte, teatro, é visto com maus olhos, com preconceito, mas essa experiência quebrou todos os paradigmas”, revela Andrey, que se diz apaixonado pelo trabalho.

Ambos acreditam que, após todo o processo até chegar ao resultado final do ‘O Topo do Mundo’, mudaram a forma de cada um pensar acerca das atitudes, o mundo do crime e o retorno a convivência em sociedade. Bruno afirma que se tornou, mais consciente de seus atos e tem o desejo da mudança, assim como Andrey. “Não posso ser hipócrita de falar que estou 100% mudado, mas a cada dia eu procuro uma melhora, a cada acordar eu procuro ser um novo ser”, Afirma Tineli.



O Topo do Mundo


O diretor do espetáculo, Marcelo Felici, explica que ‘O Topo do Mundo’ passa pelo viés dos nove pecados originais. Com esta abordagem, segundo ele, a intenção é mostrar o trajeto de um ser humano até a prática do delito, diferente do que foi trabalhado na montagem do Bizzarus, que trabalhava as consequências reais de um ato.

No processo de construção do espetáculo, que incluiu diversas técnicas de terapias e atividades com o grupo, como a aplicação do eneagrama, que estuda a personalidade, yoga, entre outras técnicas, trouxe como resultado cenas em que os atores expõem o próprio ego de maneira clara e objetiva, o que o diretor acredita que deva proporcionar uma identificação por parte do público. “Eu costumo dizer que ‘O Topo do Mundo’ é um jogo de espelho entre a platéia e os atores”, conclui Felici, que assina o texto com contribuição de parceiros.

A terapeuta Maria Geovana Rodrigues, agora atriz, é a única mulher em cena. Ela foi convidada pelo diretor para realizar o trabalho terapêutico de autoconhecimento com o grupo, mas após ver o resultado deste trabalho se transformar em cena, acabou assumindo o papel de atriz. Geovana nunca tinha atuado antes.

Para ela é grandioso fazer parte desta experiência, tendo passado por todo o processo. Segundo Maria, grande parte dos atores teve que trabalhar questões de dores de perdas, abandonos sempre ligados, em sua maioria, a relação com os pais. “Quando a gente está em cena emociona exatamente porque a gente vê que ele [o detento] está tendo coragem de mostrar para o público algo que era muito íntimo, muito profundo dentro da alma dele, mas que agora ele não é mais refém disso”, revela a atriz e terapeuta.

Maria acredita que a recuperação dos envolvidos é uma possibilidade real. “É olhar e pensar que são homens honrados, que tem família, que choram e isso pra mim foi uma das maiores descobertas”, finaliza.

Sobre o trabalho de ressocialização através da arte, realizado há 15 anos, Marcelo Felici acredita que a medida que os grupos experimentam esta experiência, se comparado ao primeiro grupo, os últimos integrantes já se deparam com um trabalho mais puro, que proporciona um mergulho dentro de cada um, que faz com que, ao sair, se deparem com uma nova possibilidade de vida, fora do crime.

 

Presos do regime fechado estreiam espetáculo ‘O Topo do Mundo’ em Porto VelhoPresos do regime fechado estreiam espetáculo ‘O Topo do Mundo’ em Porto VelhoPresos do regime fechado estreiam espetáculo ‘O Topo do Mundo’ em Porto Velho

Fonte: G1RO

ATENÇÃO SR(s) INTERNAUTAS

Este site acompanha casos policiais. Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda-se ao leitor critério ao analisar as reportagens.

Publicidade
Socopias
Socopias
Publicidade
Inviolável
Inviolável