Depois de mais de 40 horas de muita negociação entre a Polícia Militar e os líderes de um grupo de trabalhadores rurais sem terras, que há mais de três anos invadiram a Fazenda Riacho Doce, localizada a aproximadamente 5 Km do Município de Seringueiras, foi fechado um acordo para o cumprimento da reintegração de posse da propriedade rural com a desocupação de forma ordeira e pacífica. A fazenda Riacho Doce foi ocupada pela quarta vez e hoje abriga cerca de 91 famílias, totalizando aproximadamente 300 pessoas, no acampamento Paulo Freire III, em uma área de quase 20 quilômetros quadrados.

A grande área tomada pelos “sem terra” é praticamente toda formada de pasto e, segundo informações do líder do Grupo, Sr. Francisco, alguns invasores aproveitaram a área para criar gados e outros para o plantio de frutas e hortaliças.

Um grande aparato foi montado para este cumprimento, sendo usado Policiais Militares do GOE (Grupo de Operações Especiais) do 2º BPM, Policiais Militares do Serviço de Rádio- Patrulha de Ji-Paraná, Alvorada, São Miguel, Seringueiras e São Francisco, Policiais do Serviço Reservado do 2º BPM, integrantes do Corpo de Bombeiros de Ji-Paraná, Conselheiros Tutelares do Município de Seringueiras, IDARON, Secretaria Municipal de Saúde de Seringueiras, entre outras secretarias.

A negociação também contou com o apoio do Oficial Agrário da PMRO, Tenente Coronel Márcio Ângelo Pinto, do chefe da Seção Operacional do 2º BPM, Major PM Paradela e da Ouvidoria Regional do Incra,  Dra. Márcia do Nascimento.

O mandado de Reintegração de Posse da Fazenda Riacho Doce foi expedido pelo Juiz Federal, Dr Herculano Martins Nacif, da comarca de Porto Velho e demandado para o Juiz de Direito de São Miguel, Dr João Valério Silva Neto para o cumprimento.

Logo na chegada da tropa, que contou com mais de 80 Policiais Militares, sob o comando do Major Crispin, o grupo de sem-terra ateou fogo em uma das pontes e por pouco iniciou-se um confronto. Graças a rápida ação do GOE (Grupo de Operações Especiais do 2º BMP), o fogo foi combatido e os ânimos acalmados.

O que chamou mais a atenção das autoridades foi uma tática usada pelo grupo; eles cortaram uma prancha por baixo, de forma que, quando a tropa passasse por cima, a prancha cederia.

Líderes do grupo chegaram a colocar crianças e mulheres na frente do portão da fazenda em forma de escudo humano, no intuito de afastar a força policial presente.

Durante estas incansáveis 40 horas, houve vários acordos firmados entre o Oficial Agrário da Polícia Militar, Tenente Coronel Angelo com o líder conhecido como Francisco, e que acabaram sendo convertidos, no início da tarde desta terça-feira (11), no acordo final que possibilitou a abertura da porteira da fazenda e a saída pacífica de todos os trabalhadores rurais, mulheres e crianças que ali se encontravam, possibilitando assim a entrada da tropa mobilizada e início dos preparativos para a retirada das famílias da propriedade e cumprimento da reintegração de posse.

Como resultado final das negociações o Tenente Coronel Ângelo, juntamente com o Major Crispin e o Major Paradela, conciliaram com a liderança a desocupação pacífica da área, disponibilizando uma estrutura de apoio e de logística para a remoção de pertences pessoais, bens e criações que estiverem na propriedade para uma área escolhida pelas famílias. O prazo para conclusão da desocupação será de até 15 dias, a contar desta quarta-feira (12), sendo que a tropa da Polícia Militar permanecerá no local para manter a segurança de todos os envolvidos nesta desocupação.

Fonte: comando190.com.br/FLS